sexta-feira, 13 de julho de 2012

Ministério da Fazenda estuda leilão e compras institucionais de carne suína


Resposta sobre medidas emergenciais deve sair até a próxima terça, dia 17



O Ministério da Fazenda deve se posicionar até a próxima terça, dia 17, sobre a possibilidade de compras institucionais de carne suína para os programas oficiais de alimentação e o estabelecimento de um preço de referência, em caráter emergencial, para leilões de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP), ao valor de R$ 2,30/kg. O PEP, subsídio dado ao frete, ocorreria apenas na região Sul. O volume previsto é de 50 mil toneladas e recursos da ordem de R$ 20 milhões, com valor do prêmio de R$ 0,40/kg.


O anúncio foi feito pelo ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, após receber lideranças dos 700 suinocultores que realizaram nesta quinta, dia 12, manifestações em Brasília. Os produtores protestaram contra a crise que o setor atravessa desde o início do ano passado, em função da retração da demanda, alta de custos e queda dos preços.


O ministro disse que as medidas emergenciais anunciadas pelo governo dão início a um processo de fortalecimento do setor, uma vez que a crise não será combatida rapidamente. Segundo Mendes Ribeiro, a Linha Especial de Crédito (LEC), no valor de R$ 200 milhões, pode contribuir para enxugar a oferta, pois as indústrias contarão com financiamentos a juros de 5,5% ao ano para antecipar compras de leitões que serão vendidos nas festas de fim de ano. Para acessar a LEC, as indústrias terão que pagar R$ 3,70/kg de animal vivo. O governo também prorrogou por seis meses as dívidas de custeio e as parcelas de investimento serão adiadas para um ano após a quitação da última mensalidade.


O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes, diz que a iniciativa do governo de financiar a compra antecipada de leitões, ao preço de R$ 3,60/kg, pode esbarrar na falta de espaço para armazenagem nos frigoríficos, que estão carregando estoques. A entidade calcula que, nos últimos cinco anos, os produtores vêm acumulando prejuízos de R$ 10,45 por suíno pronto para abate (115 kg). Uma granja com 300 matrizes acumula, dentro deste período, um prejuízo de R$ 397,1 mil.


O produtor rural Valmir Vendrame, do município gaúcho de Mariano Moro, que participou das manifestações em Brasília, afirma que, devido aos altos custos e baixos preços, acumula uma dívida de custeio R$ 800 mil junto aos bancos, que vem sendo administrada para não comprometer o crédito. O produtor explica que terá que negociar uma parcela de R$ 140 mil que vence no próximo dia 15, pois se pagar a dívida, não terá recursos para comprar milho e alimentar o plantel.


Vendrame calcula que o custo de produção é de R$ 2,65/2,70 por quilo, enquanto o preço de venda está entre R$ 1,65 e R$ 1,70. Ele reclama da baixa disponibilidade e dos altos preços do milho e diz que passa mais tempo administrando a dívida e negociando a compra do cereal do que cuidando da granja. O empreendimento consome 1,5 mil toneladas de milho por mês.


Outro fator que impactou o custo é o farelo de soja, que em julho do ano passado custava R$ 600 e, atualmente, está em R$ 1,2 mil a tonelada. Na opinião do pecuarista, as medidas anunciadas pelo governo vieram tarde. 

Fonte: Agência Estado

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