terça-feira, 26 de maio de 2009

Lições na FAO


No primeiro dia da missão técnica da Asbraer no Chile fomos recebidos pelo representante Regional da FAO para América Latina e o Caribe, Sr. José Graziano da Silva, e também pelos senhores Rodrigo Castañeda e Sérgio Gomez. A FAO - Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação conduz as atividades internacionais para erradicar a fome. A Organização ajuda os países em desenvolvimento e os países em transição a modernizarem e melhorarem suas atividades agrícolas, florestais e pesqueiras, com o fim de assegurar uma boa nutrição a todos.

Desde sua fundação em 1945, a FAO tem prestado especial atenção ao desenvolvimento das zonas rurais, onde vivem 70% da população mundial pobre e que passa fome. As atividades da FAO são para a segurança alimentar, luta contra a fome, políticas de desenvolvimento rural, acesso a recursos, promoção da agricultura familiar e emprego rural, bioenergia e doenças transfronteiras, sanidade agropecuária, inocuidade de alimentos, agricultura urbana e periurbana, sustentabilidade e meio ambiente.

Graziano destacou as três principais linhas de atuação da FAO: o desenvolvimento territorial, o desenvolvimento local e o apoio à agricultura familiar. Ouvimos atentamente ele falar, com muita convicção, do tema pobreza e combate a fome, aliás, um prato cheio para quem criou o Fome Zero.

Segundo Graziano, há uma retomada dos preços das commodiettes agrícolas, que irá gerar ainda mais dificuldades para os mais pobres. Ele frisou também que, de 1970 a 2005, os alimentos caíram de preço, mas quem pagou a conta foram os agricultores.

Outro fato interessante é que o numero de pobres na América latina caiu de 52 milhões em 1990 para 46 milhões em 2005. Porém, com a crise dos alimentos, e agora a crise financeira, perdeu-se todo este avanço dos últimos 35 anos.

A estimativa é de hoje haja 55 milhões de desnutridos na América Latina. E um ponto grave, os países latinos americanos não tem institucionalidade estável para uma recuperação rápida. Exemplo disto é a extensão rural. Vejamos pelo Brasil: os estados com mais dificuldades, como os do norte e nordeste, são justamente aqueles em que as entidades de extensão foram mais sucateadas.

Sobre a assistência técnica e extensão rural, falamos sobre o processo de recuperação pelo qual o Brasil passa desde 2003, após ter sofrido um grande desmonte neste setor. Então Graziano destacou três pontos principais: separar a extensão rural da assistência técnica, vinculando sempre esta à pesquisa; aplicar a máxima de que não necessariamente o que é público deve ser estatal, já que o privado tem que ser regulado pelo estado; e não tentar recriar o que já foi feito no passado. Graziano atribui grande parte do sucesso do Chile ao desenvolvimento de parcerias público privadas e destaca, mais uma vez, a necessidade da assistência técnica estar intimamente ligada à pesquisa.

Ainda acompanhamos uma palestra sobre a agricultura chilena, com o Sr. Sérgio Gomez, e visitamos a CEPAL - Comissão Econômica para América Latina, um órgão da ONU, onde conhecemos os avanços da organização do setor rural no Chile.

Lições aprendidas, várias. Vamos compartilhando ao longo da semana. E, caso tenham alguma dúvida ou curiosidade, é só perguntar.

8 comentários:

  1. Prezado Sr. Presidente,

    Nós do Mídia Rural, em parceria com a flora paradíso, empresa de um agronomo que está buscando apoio para desenvolver o projeto de oliveiras (azeite e azeitonas) na região estivemos no chile a duas semanas e pegamos muitas informações e gravamos todo o processo de produção e industrialização, iremos divulgar aqui na região, também creio que a assitência técnica deva estar próxima da pesquisa, para reduzir ao máximo o tempo de transferencia de tecnologia para o agricultor, no caso do café isso é questão de sobrevivência, creio eu, bom mas gostaria de dizer que estou acompanhando regularmente o seu blog, estivemos semana passada no café botelhos evento que reuniu pessoas importantes, como a palestra do matiello, entrevistamos o Dep. Carlos Melles e o Dr. Mosconi, estamos empenhados em ser um parceiro e fiquei satisfeito com a reação do Carlos Melles que ao conceder entrevista para nós salientou a importancia da mídia especializada local no apoio ao desenvolvimento do agronegócio, iremos apresentar um programa especial café botelhos nesse sábado as 08:00 caso tenha possibilidade vale a pena conferir, no site www.tvpocos.com.br ainda sofremos com a falta de patrocinio, porém com convicção de estarmos criando algo realmente útil estamos nos desdobrando para levar o melhor conteúdo ao ar,

    também gostaria de dizer que estou organizando em Poços de caldas um novo projeto, filiado ao PSDB estou organizando o partido jovem para apoiar a candidatura do governador Aécio Neves, nossa intenção é mostrar que os jovens do Sul de Minas apoiam o governador.

    Infelismente não foi possível ir a muzambinho, trabalho na prefeitura de Poços, o Péricles até me convidou.

    um abraço e até mais

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  2. Presidente, ia me esquecendo.

    Como é a questão ambiental no Chile, não sei muito bem a estrutura fundiária do país, porém a idéia que se passa é que seja de pequans propriedades e geralmente com topografia acidentada igual a encontrada aqui no sul de MInas, faço esta pergunta porque a legislação que obriga reserva legal e principalmente app em todos os cursos e nascendes d'águas com as distâncias apresentadas faz com que nossos produtores encontrem dificuldade de adequação de lavouras para certificação, é um tema que estou me concentrando no momento.

    att

    Ulisses

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  3. Prezado Zé Silva, não conheço muito sobre o Chile, além dos Jogos da seleção, mas um dado sobre a agricultura orgânica me chamou muita atenção ele diz que em oito anos os a área total de certificada como organica passou de 2678 ha para 48000 ha. Fiquei curioso sobre o sucesso deste processo Certificação promovida pelo INDAP.

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  4. Presidente José Silva,

    Apesar de ser uma otimista incorrigível, segundo meus amigos, me senti meio impotente diante dessa situação. Não é fácil saber que estamos retrocedendo, que a fome e a miséria se tornam cada vez maiores na América Latina, (55 MILHÕES DE DESNUTRIDOS), mas cruzar os braços e ficar lamentando não vai adiantar nada. Então vamos lá, somos todos responsáveis. Como disse um orgulho do Chile:


    É proibido chorar sem aprender,
    Levantar-se um dia sem saber o que fazer
    Ter medo de suas lembranças.

    É proibido não rir dos problemas
    Não lutar pelo que se quer,
    Abandonar tudo por medo,
    Não transformar sonhos em realidade.

    É proibido não demonstrar amor
    Fazer com que alguém pague por tuas dúvidas e mau-humor.

    É proibido deixar os amigos
    Não tentar compreender o que viveram juntos
    Chamá-los somente quando necessita deles.

    É proibido não ser você mesmo diante das pessoas,
    Fingir que elas não te importam,
    Ser gentil só para que se lembrem de você,
    Esquecer aqueles que gostam de você.

    É proibido não fazer as coisas por si mesmo,
    Não crer em Deus e fazer seu destino,
    Ter medo da vida e de seus compromissos,
    Não viver cada dia como se fosse um último suspiro.

    É proibido sentir saudades de alguém sem se alegrar,
    Esquecer seus olhos, seu sorriso, só porque seus caminhos se desencontraram,
    Esquecer seu passado e pagá-lo com seu presente.

    É proibido não tentar compreender as pessoas,
    Pensar que as vidas deles valem mais que a sua,
    Não saber que cada um tem seu caminho e sua sorte.

    É proibido não criar sua história,
    Deixar de dar graças a Deus por sua vida,
    Não ter um momento para quem necessita de você,
    Não compreender que o que a vida te dá, também te tira.

    É proibido não buscar a felicidade,
    Não viver sua vida com uma atitude positiva,
    Não pensar que podemos ser melhores,
    Não sentir que sem você este mundo não seria igual.

    Autor: Pablo Neruda


    Presidente, o Senhor acredita que é possível e viável desvincular a Extensão Rural da Assistência Técnica no nosso país? Caso a Assistência Técnica seja volta para área da pesquisa, quais os benefícios a curto, médio e longo prazo esse processo traria para os Agricultores brasileiros?

    Um abraço fraterno,

    Rosana Corrêa

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Caro Ulisses,
    A comunicação tem um papel fundamental na vida de uma nação. Acho importante iniciativas como a de vocês de criar novos mecanismos de interação nos municípios. A organização dos jovens é também fundamental para garantir que tenhamos líderes cada vez mais preparados.
    Quanto a pesquisa e assistência técnica,devem trabalhar o mais integradas possível para encurtar o tempo para que as novas tecnologias e conhecimentos gerados possam chegar mais rápido aos agricultores.
    Sds,
    José Silva

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  7. Caro Péricles,
    O INDAP atende em média 10% dos campesinos. Para se ter uma idéia, a região de Maule onde estivemos o maior período da missão técnica o INDAP assiste 7 mil famílias. O que equivale a metade do que uma regional da Emater atende em Minas.
    Sds,
    José Silva

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  8. Cara Rosana,
    Não vejo razão para separar assistência técnica e extensão rural. A estratégia é que deve ser repensada. É difícil fazer uma assistência técnica de qualidade com um ou dois extensionistas por município. Com isto a extensão que tem um caráter educativo e deve utilizar metodologias grupais para disponibilização/oportunização de conhecimentos,inovações e tecnologias. E a assistência técnica que é de caráter mais individual, focada em uma determinada cadeia produtiva deve ser executada de forma complementar por outras organizações ou mesmo os estados criando redes específicas.
    Sds,
    José Silva

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