segunda-feira, 5 de setembro de 2011

QUEIJO MINAS ARTESANAL

== Pronunciamento no Plenário da Câmara Federal em defesa do Queijo Minas Artesanal
5 de setembro de 2011 ==

- Menção de congratulação ao filme "O Mineiro e o Queijo" de Helvécio Ratton -


Valores culturais costumam levar um certo tempo para serem reconhecidos. Principalmente se são um patrimônio imaterial, intangível, como é o caso do queijo minas artesanal. Na realidade, essa questão do queijo mineiro é mais embaixo. Reconhecimento ele tem, de todos os brasileiros que já tiveram a oporotunidade de desgustá-lo. Então, vamos ser claro: o queijo minas artesanal está no meio de uma guerra de mercados, vítima de reservas de mercado. É simples assim – os grandes latícinios, as grandes agroindústrias, querem o mercado consumidor apenas para eles, e pronto. E para isso fazem uma cortina de fumaça com um emaranhado de leis sanitárias, de regras de comercialização, de pontos de maturação do queijo, e ponha um imensa etc nisso tudo.



Enrolação. No fundo, não querem que o agricultor familiar ocupe o mercado como merece. Talvez não por alguma maldade, mas por instinto de ferocidade comercial. A situação do queijo é emblemática dessa guerra, mas que também acontece com os biscoitos, com os doces e, em menor ou maior acirramento, acontece com todos os produtos artesanais da agroindústria familiar. Porque as grandes indústrias sabem que, na concorrência pela qualidade, pela tradição, pelo sabor e valor cultural, os produtos artesanais mineiros são reconhecidos por todos os brasileiros, de Norte a Sul do País.




Então, a nossa luta não é apenas pelo valor cultural do queijo minas. É também pelo mercado, é também uma luta econômica. Cerca de 30 mil famílias têm na produção do queijo minas artesanal uma de suas fontes de renda, quando não a única. Minas é recortada de montanhas, de vales e rios, e esse ambiente físico induziu a agricultura familiar à transformação da matéria-prima leite, como forma de agregar valor à produção, comercializar produtos acabados e vencer, assim, as restrições impostas pelo pequeno espaço para produzir.




Dessa geografia, aliada à história trazida pelos colonizadores portugueses, no Século 18, nasceram os processos criativos e inovadores na produção do queijo minas artesanal. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional reconheceu os valores culturais desse produto, e o transformou em Patrimônio Imaterial do nosso País. Quando na presidência da Emater de Minas Gerais, tivemos oportunidade de valorizar esse patrimônio cultural. Criamos os Centros de Excelência de Qualidade do Queijo Minas Artesenal, hoje com duas unidades em funcionamento: uma no município de Medeiros, na Serra da Canastra, e outro em Rio Paranaíba, no Alto Paranaíba. O que era bom, ficou ainda melhor com esse apoio e assistência às famílias produtoras de queijo dessas regiões.

A luta continua. Agora, mais especificamente, no campo da comercialização. Todo homem, a começar dos brasileiros, tem direito à degustação do queijo minas artesanal. É um sabor, é uma qualidade, é uma cultura, enfim, que não pode ser um privilégio apenas de mineiros. Não seria justo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário