sexta-feira, 2 de julho de 2010

Meio Ambiente:O Estado Educador


​Produzir alimentos e meios de acesso à segurança alimentar, preservar e conservar a água em quantidade e qualidade para as demandas de toda forma de vida, assegurar condições ambientais adequadas para as futuras gerações e possibilitar  oportunidades de renda e qualidade de vida para as populações rurais. Estas são algumas das variáveis de uma das questões que mais afetam os produtores rurais e as famílias que vivem e trabalham no campo: a produção agrícola com sustentabilidade ambiental.
​Para tratar dessa questão com a racionalidade necessária, o primeiro passo é abrir mão das abordagens meramente ideológicas, que tendem a uma visão maniqueísta, como se se tratasse de uma luta entre o bem e o mal, entre bandidos e mocinhos. Essa abordagem trava as discussões aprofundadas sobre o assunto e, em suma, não contribui para a conjunção de esforços exigida para esses grandes desafios. Para alcançarmos uma produção agrícola sustentável são necessários, por exemplo, esforços e transformações vindos de campos tão diferentes quanto os das tecnologias e manejos de produção, políticas públicas e legislação, mercado e consumo, educação e conhecimentos para novos paradigmas econômicos, entre outros.
​Vimos participando ativamente desses debates sobre produção agrícola e sustentabilidade ambiental em todas as regiões brasileiras, na condição de presidente da Associação Brasileira das Emateres – Asbraer, cargo que exercemos até fevereiro deste ano, e particularmente em todas as regiões de Minas Gerais, no exercício da presidência da Emater-MG, função que também exercemos desde 2003 até fevereiro último. Mas, sobretudo, participamos desses debates e da construção de novos paradigmas para a produção agrícola sustentável na condição de produtor e extensionista rural.
​Em linhas gerais, nossa contribuição tem sido a de apontar a necessidade de uma transformação no papel do Estado no tratamento desta questão, deixando de ser uma instância de fiscalização e punição para a de educação e premiação. Portanto, sem o aparato exclusivamente fiscalizador e punitivo com que investe contra os produtores rurais, que têm a nobre missão de produzir alimentos, “produzir” água potável e assegurar as condições ambientais adequadas à nossa sobrevivênvia. Assim, se formos capazes de compreender que  a produção de alimentos de forma sustentável, ou seja, garantindo a água e o ar puro de que necessitamos, com a preservação e conservação de nascentes, de margens de rios e córregos, de topos de morro e de reservas ambientais, são um serviço social da mais alta importância, prestado pelos produtores rurais e suas famílias, então é justo que sejam remunerados por esse trabalho.  
​Esta remuneração, de parte do Estado, deve se dar sem que seja necessária a criação de novos impostos, o que seria aumentar a já imensa carga tributária brasileira. Poderia se dar, por exemplo, na hora da comercialização dos produtos agrícolas, com redução de taxas e tarifas para aqueles que produzirem de forma sustentável. A partir dessa compensação econômica pelo serviço social prestado, estaria aberto o caminho para nos levar à superação do desafio de produzir alimentos com sustentabilidade ambiental, e as populações que vivem e trabalham no meio rural teriam reconhecido seu papel de guardiões do meio ambiente, apontando para possibilidades concretas de um novo paradigma para a questão ambiental no campo.      
​De maneira simples e ainda passível de desenvolvimento, nossa contribuição para o debate dessa questão vem das experiências acumuladas nos campos da gestão pública, da produção agrícola e na extensão rural, mas sobretudo tem sido construída no permanente diálogo a que o exercício dessas funções nos levaram a ter com os produtores rurais, com os profissionais das ciências, com educadores ambientais e com as lideranças políticas que ocupam, pela exercício de suas profissões e vivência, o centro das discussões para alcançarmos o equilíbrio adequado entre promoção da segurança alimentar e sustentabilidade ambiental.  ​  
Vamos juntos!

7 comentários:

  1. Olá Zé Silva, como vai? Espero que esteja tudo bem com você. Gostei muito do seu texto postado acima. É exatamente o que penso sobre a relação entre Meio Ambiente, Produção Agrícola da Agricultura Familiar e Estado. Já existe algum projeto de lei que trata da compensação econômica para o Agricultor Familiar? E se não existe, vc tem planos para que essa Lei seja implantada no País?
    Obrigado e Boa Sorte !

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  2. Caro José Silva,
    Com certeza o caminho para as questões levantadas no texto é a educação. Ja ficou provado que a punição por si so não gera o efeito esperado ja a educação aliada com a punição somente em última instância pode ser o mais indicado. Nesta filosofia o estado tem papel fundamental uma vez que permite acesso a todos os atores envolvidos.
    Vamos Juntos nesta Caminhada. Abraços e Boa Sorte!

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  3. Oi, José Silva,
    Amei o texto, ficou muito bom. Acho que é esse o caminho. Na oportunidade parabenizo pelo livro de poesia:Faces da Inspiração. Ficou maravilhoso. Obrigada por enviar um para mim. Gostei muito. Estamos juntos nessa luta.

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  4. Oi Zé Silva
    Gostei muito do seu texto, achei muito sensato,uma mensagem para todos nós refletimos.Estamos com voce, porque é de lideranças preocupadas e que conhece a agricultura familiar de perto que nosso país precisa .
    Abraços.

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  5. Zé Silva, estou utilizando o seu texto em meu Blog. www.juliofleming.blogspot.com
    Obrigado

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  6. Olá Amigos,
    com o start da campanha as coisas ficaram mais agitadas! Estamos animados!
    Acreditamos que é possível fazer muito mais, por isso lancei este novo desafio em minha vida!
    Obrigado pelo apoio (e pela réplica, Julio).
    Vamos juntos!

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  7. O sistema agroecológico é um modelo que atende as necessidades humanas, sem agredir o meio ambiente.
    Precisamos de mudanças de comportamento, evitando o consumismo.Precisamos da consciência e de atitudes, investir na educação e a formação das pessoas, para que a humanidade possa ter uma vida plena e em abundãncia.

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