quarta-feira, 14 de abril de 2010

População Rural Esquecida- De Novo

 
​No final de março, no Rio de Janeiro, especialistas em urbanismo do mundo todo se reuniram para discutir a questão da migração de populações rurais para os grandes e médios centros urbanos, um fenômeno que acontece em praticamente todos os países do mundo, e seus impactos na formação de favelas, violência e outras mazelas trazidas pelo crscimento desordenado das cidades. No Brasil, a migração rural ainda não teve, de parte do poder público, a devida atenção que merece, pelo seu impacto no equilíbrio social, no crescimento econômico e, em última análise, pelo que provoca na qualidade de vida da população brasileira como um todo.
​Para aqueles especialistas, o poder público precisa, “urgentemente”, estender as políticas públicas para a melhoria da qualidade de vida às populações que chegam nos centros urbanos. Ou seja, o Estado precisa levar de forma ágil para essas pessoas a energia elétrica, as estruturas de educação, de saúde, de lazer, de transporte, de moradia, enfim, levar todas as políticas públicas para os direitos de cidadania que as famílias rurais, em sua imensa maioria, não têm... E por isso mesmo, migram para as cidades.
​Ora, estamos repetindo os mesmos erros históricos que aceleraram o esvaziamento do meio rural, qual seja, políticas públicas para a melhoria da qualidade de vida só depois que o cidadão estiver morando nas cidades. Por isso, estamos propondo grandes mudanças nessa visão de Estado: é preciso levar urgentemente essas políticas públicas para as famílias que vivem – que ainda vivem – no campo, no meio rural. Coleta de lixo domiciliar, saneamento básico, política de habitação, educação e saúde de qualidade, lazer, transporte público, entre outras, são políticas que ainda não chegaram ao meio rural, e esse é o principal motor da migração.
​Evidente que as pessoas são livres, vivem onde quiserem, no campo ou na cidade. Mas, é preciso que se dê as oportunidades para uma vida de qualidade no meio rural, através de políticas há muito tempo já conquistadas pelas populações urbanas. Do jeito que estamos hoje, as pessoas não migram porque querem, e sim, porque são obrigadas a isso, dada a precariedade das condições de vida no meio rural. É esse quadro que precisa ser mudado. Vamos juntos.

terça-feira, 6 de abril de 2010

A Diversidade Brasileira e a Extensão Rural

O Brasil tem uma diversidade do tamanho de suas dimensões. Pude ver de perto esta realidade durante três mandatos como presidente da Associação Brasileira de Emateres - ASBRAER. Em seis anos, estive nos 26 Estados brasileiros. Nessas visitas, a agenda de trabalho iniciava-se na sexta-feira, visitando a entidade de extensão rural, Secretarias de Estado de Agricultura e com governadores e depois, no sábado, uma dia de campo, onde visitava projetos implantados em comunidades rurais. Como sempre disse nosso vice-presidente da Asbraer e presidente da Emater/RN Luiz Claudio: “Vendo a novela da vida real.”
Uma amostra disto é o que vimos no município de Carreiro da Várzea, no Estado do Amazonas: os extensionistas se deslocam de Manaus até a sede do município tendo o barco como meio de transporte. Outra dificuldade e curiosidade ligadas a esse município é que o rebanho bovino, com 60 mil cabeças, todos os anos no período chuvoso tem que ser retirado para outros municípios, pois toda a região fica inundada.
Já no Amapá, um extensionista da cidade de Oiapoque, para ir até as comunidades Kumaruma e Kumere, leva 12 horas de “voadeira” (pequeno barco). Bem diferente, por exemplo, do município de Paraguaçu, no Sul de Minas, onde o colega extensionista Carlos Magno há tempo aposentou o fusca e se desloca em um Fiat Uno, ou da extensionista Dalva, do municipio de São Romão, que recebeu em janeiro de 2010 a primeira camionete para vencer as estradas de areia do Norte de Minas; ou do extensionista Edson, do município de Apiau, em Roraima, que cruza as estradas entre as propriedades em uma moto, com características especiais para trilha. Mais inusitado ainda, o extensionista Luciano, lá nos extremos do Baixo Jequitinhonha, no município de Salto da Divisa, em Minas Gerais, onde, para chegar a uma comunidade rural, só se deslocando a cavalo.
Estes são fatos que comprovam que a Extensão Rural é o principal e o “mais essencial” serviço para levar e construir as políticas públicas para os que mais precisam da presença do Estado. Pude afirmar em diversos fóruns que o extensionista é talvez a primeira ou a última esperança dos agricultores de acessarem políticas públicas. E cada vez mais tenho a convicção de que uma transformação social estruturante no Brasil só se dará com uma volta ao campo. Seria o "desinchaço" das cidades. Mas, para que isto aconteça, é preciso que as pessoas no campo tenham no mínimo a garantia de seus direitos básicos de cidadania, que as cidades já conquistaram, tais como habitação, lazer, estradas, informações, transporte coletivo, educação e saúde, entre outras.
Vamos juntos neste desafio!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Dividindo a história

MENSAGEM DE ALAGOAS

 

Sabemos que o agradecimento, por mais elogios e destaques que inclua, jamais é suficiente para traduzir o significado das grandes colaborações que você prestou para a extensão rural do País, especialmente para a do estado de Alagoas. Algumas delas conseqüentes de solicitações e muitas, emergentes do processo de interação que foi sendo construído entre nós.

A importância da sua colaboração ao processo de “tantas tentativas” de reconstrução da extensão rural do nosso Estado, não está apenas em sua participação em reuniões, audiências públicas, trazendo informações oportunas, fundamentais e suficientes, mas sobretudo na forma como você chegava: motivado, cuidadoso, carinhoso, humano e útil.

Da mesma forma que você cuidou de Alagoas, você cuidou da ASBRAER. O seu mandato frente à Instituição teve um papel importante para situar a agricultura familiar no universo da agricultura brasileira, destacando sua importância para o País. Você permitiu o debate de idéias, forneceu sugestões valiosas, apoiou e acompanhou todas as fases desse processo  de transição , que culminou na Lei de ATER.

Caríssimo José Silva, pela impossibilidade de estar presente neste momento tão significativo – que é o de prestar-lhe uma homenagem – gostaria de afirmar que seus esforços deixaram exemplos e lições relevantes, a fim de que outros se convençam de que a caminhada não pode parar.

Carinhosamente,

Rita de Cássia, representando todos os extensionistas do estado de Alagoas.